A Mostra Geração é o segmento infanto-juvenil do Festival do Rio, o maior evento audiovisual da América Latina.

Esse ano estamos celebrando 15 anos.

São vários Programas:

O Internacional, inclui longas vindos de várias partes do planeta/do mundo com temáticas focadas nas crianças e nos jovens.

O Vídeo Fórum apresenta e debate os trabalhos produzidos por eles mesmos. É o momento de ver na tela grande a sua própria produção.

Além disso, a Mostra Geração oferece encontros especiais para educadores e diversas atividades.

Fique de olho: o Festival do Rio 2014 acontecerá entre 24 de setembro e 08 de outubro.

domingo, 11 de outubro de 2009

Público elege QUEM TEM MEDO DO LOBO? e SOMOS TODOS DIFERENTES os melhores da Mostra Geração 2009!

Mais um Festival do Rio terminou. Na Mostra Geração, que esse ano comemorou 10 anos, mais de 1.700 pessoas passaram pela sala 1 do Espaço de Cinema para participar das sessões do Programa Internacional. E esse ano, quase mil pessoas compareceram nas 5 sessões do Vídeo Fórum e assistiram 52 curtas-metragens produzidos por crianças e jovens de até 18 anos. Sem falar nos dois Encontros de Educadores, que reuniu 200 professores para discutir cinema e educação.

O público foi formado em sua maioria por estudantes de escolas públicas e particulares, e por crianças e jovens ligados a algum projeto sócio-educativo. Os espectadores pagantes também marcaram presença. No final das sessões, sempre foi sorteado um par de tênis Converse All Star, para alegria geral da galera. O público infanto-juvenil demonstrou satisfação no final de cada exibição.

Como de costume, no final de cada sessão do Programa Internacional, os espectadores indicaram através do voto se gostaram ou não do filme. A produção eleita pelo público o Melhor Filme da Mostra Geração 2009 foi QUEM TEM MEDO DO LOBO, produção da República Tcheca, dirigida por Maria Procházková. Também teve a eleição do melhor filme da Mostra Retrospectiva 10 anos. Deu o filme indiano SOMOS TODOS DIFERENTES, de Aamir Khan.

E a Mostra Geração não foi só exibição de filmes. Teve também a Oficina Geração: “Histórias em Celular”, realizada no Oi Futuro do Flamengo. Durante 12 dias, mais de 100 estudantes participaram e produziram 18 vídeos usando câmeras de aparelho celular. Todos os curtas foram postados no site YouTube, permitindo que todo mundo confira os trabalhos realizados.

Quem passou pelo Oi Futuro também pôde gravar uma saudação, o “Oi para o Mundo”. O resultado final será conhecido em breve, também via YouTube, já que mais de 140 pessoas deixaram uma mensagem e todo esse material está sendo editado por professores e alunos da ONG Cinema Nosso, que foram responsáveis pela Oficina Geração.

Abaixo segue o restante dos links dos filmes produzidos durante a Oficina Geração.


Consciência Tecnológica


Juninho, O Pegador


O irritante no museu


Festa, Jovens e um copo d`água


A Fina Folha da Humanindade


Siga a Estrada de Tijolos Vermelhos

Fotos: Conrado Krivochein

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Lar das Borboletas Escuras na repescagem do Festival do Rio 2009

Começa hoje a tradicional Semana de Repescagem do Festival do Rio. A Mostra Geração estará presente com o filme finlandês O LAR DAS BORBOLETAS ESCURAS.

A sessão será no domingo, dia 11 de outubro, às 15h30, na sala 2 do Espaço de Cinema, em Botafogo.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Oficina Geração estimula a produção de filmes em celular

A Mostra Geração desde o seu início, há 10 anos, sempre ofereceu às crianças e aos jovens uma programação específica de filmes e um espaço para exibição da produção deles. E também deu a oportunidade para que eles aprendessem e conhecessem um pouco mais do que acontece por trás das câmeras. E isso se concretiza na Oficina Geração, que foi a primeira do Brasil a oferecer uma oficina de vídeo usando câmera de telefone celular para esse público. Ela aconteceu durante os 15 dias do Festival do Rio e foi voltada exclusivamente para crianças e jovens.

Esse ano foi oferecida a oficina “Histórias em Celular”. Em cada dia, os participantes eram divididos em grupos, e tinham que iniciar uma história ou desenvolver uma trama cujo o começo já estava filmado ou finalizar um projeto iniciado por outros grupos que nunca se viram. O cenário escolhido para as histórias foi o Oi Futuro, localizado no Flamengo. Um local ideal, pois é voltado 100% para a tecnologia e a arte contemporânea, tudo a ver com a ferramenta principal da oficina, o celular.

Até o momento 96 estudantes, entre 12 e 18 anos, participaram da Oficina Geração. O público visitante do Oi Futuro também foi convidado a participar. Uma equipe, formada por jovens da ONG Cinema Nosso, ficou responsável por toda a Oficina, desde sua concepção, orientação dos grupos e finalização dos trabalhos. Isso deu a eles a oportunidade de passar para outras pessoas, jovens como eles, o que estão aprendendo em sala de aula.

Os filmes realizados foram postados no site YouTube, possibilitando que todos tenham acesso ao material finalizado. No momento já foram postados 12 curtas. Para conferir alguns deles, basta clicar nos links abaixo.

Durante o Festival do Rio, aconteceu o “Oi para o Mundo”, que consistiu em uma câmera aberta, onde os participantes da Oficina e demais visitantes do Oi Futuro, registraram em 30 segundos uma mensagem. Todas serão reunidas em um só vídeo, que ficará disponível no YouTube a partir de amanhã. Até agora, 138 pessoas já deixaram seu recado.

Aqui vão os links para os primeiros videos da
Oficina Geração: Histórias em Celular.


Entre Deus e o Diabo existe o Futebol


Viagens Malditas


O Mistério de Luiz


Seguidos


Pra Dentro do Campo


Sinal do Além


Encantada


Celular Inútil?


Trabalhos Futuros


Uma Tarde No Museu


O grito SEM VOZ (vejam que bom esse vídeo)


Aprendendo na Pausa do Oi

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Fórum Especial de Debates reúne professores e jovens realizadores para assistir ao filme AS AVENTURAS DE GUI & ESTOPA

No sábado dia 03 de outubro, a Mostra Geração promoveu o Fórum Especial de Debates. O evento marcou o encerramento das sessões do Programa Vídeo Fórum e também serviu como comemoração dos 10 anos da Mostra Geração. Realizado na sala do novo Teatro Oi Futuro, em Ipanema, o Fórum Especial de Debates reuniu jovens realizadores e professores para assistir ao filme AS AVENTURAS DE GUI & ESTOPA. A versão apresentada foi especialmente montada para esta sessão, que no final teve um debate com a diretora Mariana Caltabiano.





Os convidados tiveram a oportunidade de conhecer o Oi Futuro de Ipanema, um espaço recém inaugurado, com ótimas instalações. O Fórum Especial de Debates foi aberto por Felicia Krumholz e Bete Bullara, curadoras da
Mostra Geração. Elas agradeceram a participação de todos e também fizeram um balanço dos 10 anos da Mostra Geração, enfocando inclusive, a importância do Vídeo Fórum.



- Nós temos responsabilidade com o que os meninos estão fazendo – declarou Felicia.

Bete comentou que a
Mostra Geração trabalha com uma faixa etária que muda rapidamente, hoje são crianças e amanhã já são adolescentes. Lembrou também que do Vídeo Fórum saíram muitos profissionais que hoje atuam na area do audiovisual.

- O nosso foco principal é gerar uma discussão sobre a linguagem audiovisual – falou Bete.





Depois do filme foi realizado um debate com a diretora Mariana Caltabiano, que veio especialmente de São Paulo para apresentar a sua animação. O produtor Cavi Borges, que fez a apresentação do Vídeo Fórum, se juntou às curadoras para mediar o bate-papo. Durante uma hora, a diretora respondeu perguntas do público. Ela explicou todo o seu processo de trabalho e o porque de realizar essa animação. Além do roteiro e direção, Mariana revelou que fez as vozes de alguns personagens, entre eles, do protagonista Gui e de sua mãe.



- Com os recursos e facilidades que temos hoje em dia, qualquer pessoa pode fazer uma animação em casa. Está muito mais fácil, pois temos a internet e são oferecidos diversos programas – comentou a cineasta.

Caltabiano reforçou que é importante ter referências para fazer qualquer filme. Por isso, é necessário para qualquer aspirante a cineasta, que ele assista muitos filmes, tenha criatividade, esforço e força de vontade. Ela falou também que uma boa idéia e consequentemente um bom roteiro, facilitam na hora de captar recursos para a realização do projeto. Ela encerrou o debate dizendo que esse é o momento de fazer cinema, porque existe espaço para exibição, seja no cinema, televisão, internet, cineclubes ou projeto escola.







Após a sessão, o público presente foi convidado pela organização da
Mostra Geração para comemorar os 10 anos de realização da Mostra. Todos cantaram parabéns e depois foi servido bolo e refrigerante. Para Felicia e Bete essa data comemorativa só reforça a importância da proposta da Mostra Geração e de como os educadores devem se preocupar em apresentar bons produtos audiovisuais para os seus alunos. Que venham mais 10 anos.

Fotos: Conrado Krivochein

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Eu Sei Que Você Sabe tem última sessão amanhã!

Amanhã na Mostra Geração haverá a última exibição do emocionante EU SEI QUE VOCÊ SABE. O filme é uma das atrações do Programa Internacional e estrelado por Robert Carlyle. A sessão será às 9h, no Espaço de Cinema sala 1, em Botafogo. Antes do filme será exibido o curta-metragem nacional AS FÉRIAS DE LORD LUCAS.

O Espião Que Me Amava
Por Bia A. Porto

Resenha crítica do longa Eu Sei Que Você Sabe
(I Know You Know)
Reino Unido, 2008, 81min.
Direção: Justin Kerrigan

Eu Sei Que Você Sabe é uma história bem diferente que vai mexer com o público da Mostra Geração 2009. O diretor Justin Kerrigan escreveu o roteiro com toques autobiográficos. O resultado é mais do que um filme tecnicamente bem dirigido, é uma declaração de amor a seu pai.

Jamie, 11 anos, vive com o pai, Charlie, e desconfia que este seja um agente do serviço secreto britânico. A relação deles é ótima. Charlie nunca se dirige a Jamie com aquele distanciamento típico de um adulto que fala a uma criança, os dois são amigos. Nas muitas conversas, podemos ver o quanto um pai influencia a visão de mundo de um filho. Para Jamie, Charlie é um verdadeiro herói.

O ano é 1988 e uma operadora de TV a cabo está chegando com tudo na cidade. Apesar do tom apocalíptico, Charlie tem um discurso lúcido contra a nova empresa. É interessante ver como as atitudes do pai correspondem à idealização do menino. A excelente trilha sonora original de Guy Farley, que segue a tradição dos filmes policiais da década de 1970, também colabora para que o público compartilhe os sentimentos de Jamie. Mas o mais convincente mesmo é a atuação do jovem estreante, Arron Fuller, que coloca sua alma no turbilhão de emoções de um personagem em fase de discernir a sua própria realidade daquela apresentada pelo pai.

Com os conselhos de Charlie, Jamie encara os valentões da escola, mas será que se deve enfrentar todos os inimigos da mesma maneira? Este é o delicado momento vivido pelo protagonista. No papel do pai, o “monstro” Robert Carlyle, de filmes como Ou Tudo ou Nada (de Peter Cattaneo, 1998) e 007 – O Mundo Não É O Bastante (de Michael Apted, 1999), está estiloso e sombrio, como realça a fotografia de Ed Wild. Assim, o dilema do filho fica ainda mais complicado.

Uma dica: preste atenção no desenho sonoro do filme. O trabalho de Lars Ginzel está em perfeita sintonia com as músicas, colocando ritmo e mais profundidade nas ações para envolver o espectador.


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Crianças e jovens movimentam a Mostra Geração

Dentro da enorme variedade de filmes e eventos oferecidos pelo Festival do Rio, a Mostra Geração é 100% dedicada às crianças e adolescentes. A curadoria está bastante atenta a isso e sabe como esse público é exigente. E se preocupa principalmente, em apresentar trabalhos que irão enriquecer culturalmente esses espectadores e quem sabe, fazer brotar em cada um deles o interesse pela sétima arte.




Hoje foi uma manhã mais uma vez bem movimentada. Na sala 1 do Espaço de Cinema em Botafogo, teve a exibição do longa-metragem alemão CADÊ MEU IRMÃO? e do curta brasileiro KATA, dirigido por Marcio Schoenardie. O público, sua maioria entre 5 e 9 anos, foi formado por crianças do Instituto Tear, Escola Parque, Escola Oga Mitá e Fundação Xuxa Meneguel. A dublagem feita ao vivo permitiu que os pequeninos pudessem se divertir mais ainda com a história da menina Marietta e do seu irmão Tobias.




No final da sessão, a alegria estava estampada no rosto de cada um que saia da sala de exibição. Os pequenos espectadores foram unânimes, adoraram o filme, principalmente o final. Para aqueles que ficaram curiosos em saber o motivo da satisfação geral da meninada, o filme CADÊ MEU IRMÃO? terá uma segunda exibição no dia 7 de outubro, às 14h45, na sala 1 do Espaço de Cinema.




Enquanto as crianças curtiam o filme alemão, jovens do Rio de Janeiro, Petrópolis, Nova Friburgo e Recife, exibiam e discutiam seus próprios filmes na sala 2 do Espaço. Na última sessão do Programa Vídeo Fórum, o debate mediado por Cavi Borges, Felícia Krumholz e Bete Bullara, tocou em temas como o processo de realização, as dificuldades de produção e também em questões de direito autoral. Os próprios realizadores trocaram idéias e deram dicas que facilitam a produção de um filme, principalmente no que diz respeito a direito de som e imagem.





- O Vídeo Fórum é um lugar justamente para isso que estamos fazendo hoje. Um lugar para pensarmos, refletirmos sobre cinema - comentou Felícia Krumholz.





Para Txai Ferraz, que veio de Recife apresentar o filme que trabalhou, "Cores Humanas", a experiência de participar do Vídeo Fórum é algo que levará para toda a vida. O jovem de 18 anos disse ter adorado participar, de poder exibir e dicutir não só sobre o seu filme, como os dos outros realizadores.

- Vou embora hoje levando para Recife um pouco dessa sementinha plantada aqui pela
Mostra Geração. Essa é uma experiência que com certeza que levar e quem sabe, implantar na minha cidade - declarou o estudante.




O Programa Vídeo Fórum encerrou hoje as exibições. Amanhã, às 10h, no Oi Futuro de Ipanema, haverá o Fórum de Debates, onde os jovens realizadores e os professores orientadores dos projetos irão se encontrar para assistir um filme surpresa e mais uma vez discutir cinema. E também, comemorar os 10 anos da
Mostra Geração.

Após participarem da sessão do Vídeo Fórum, os alunos do Colégio Estadual Dom Pedro II, de Petrópolis, visitaram o Pavilhão do Festival do Rio. Lá eles tiveram a oportunidade de conhecer um set de filmagem, visitar estandes de empresas que apoiam o Festival do Rio, além de se divertir com os games disponíveis.
Os estudantes Camila Cardoso, de 17 anos, Marcelo Miguez, de 16 anos, e Evelyn de Souza, de 18 anos, ficaram encantados com o Pavilhão e com tudo que estava disponível por lá. Para Camila, participar de tudo, do Vídeo Fórum e ir ao Pavilhão, foi muito interessante e compensador. Segundo ela, experiência nunca é demais. Evelyn manda um conselho para todos que querem seguir na área do audiovisual. De acordo com ela quando começar não pare, pois o resultado final é sempre gratificante.
- O Festival do Rio, a Mostra Geração, me inspiram cada vez mais a fazer cinema - comentou Marcelo.

Fotos: Conrado Krivochein

VALO é o destaque de hoje na Mostra Geração

A Mostra Geração apresenta na sessão de retrospectiva em comemoração aos seus 10 anos, o filme VALO, uma co-produção entre Suécia, Noruega e Finlândia. O longa-metragem foi escolhido pelo público como o melhor filme da Mostra Geração de 2007. A sessão será hoje, às 14h30, no Espaço de Cinema, sala 1, em Botafogo. E será reprisado no mesmo cinema no dia 07 de outubro, às 9h. O curta-metragem brasileiro GOL A GOL, de Bruno Carvalho, irá abrir as sessões. VALO terá dublagem ao vivo.

Ciências Humanas
Por Bia A. Porto

Resenha crítica do longa VALO
(Valo)
Finlândia/Suécia/Noruega, 2005, 84min.
Direção: Kaija Juurikkalaz

VALO é o vencedor da Mostra Geração 2007 e premiado em mais cinco festivais internacionais. Sua força consiste nos argumentos em prol da educação, dos direitos da criança (o filme tem o apoio da UNICEF) e da justiça. Baseado na vida do artista e filósofo Aleksanteri Ahola-Valo (1900-1997), o filme narra a luta de um menino de 8 anos para continuar na escola, no início do século XX.

Desde 1809, a Finlândia era um território autônomo do Império Russo e, na época em que a história do filme transcorre, movimentos nacionalistas promoviam rebeliões que eram violentamente retaliadas pelo Czar. O pai de Valo era um rebelde e por isso os dois são exilados em uma pequena aldeia. Na nova escola, o garoto não se conforma com os maus tratos sofridos pelas crianças e o autoritarismo de seu regente, um sacerdote ortodoxo que deixa qualquer um morrendo de medo.

Para a sorte de Valo, uma professora mais compreensiva e amorosa chega à escola e incentiva as crianças a se empenhar nos estudos como forma de se tornarem protagonistas de suas próprias vidas. Obviamente, esse projeto pedagógico libertário não agrada em nada aos comandos do Império e é reprimido. Valo, então, abre uma escolinha alternativa com a ajuda dos amigos e, juntas, as crianças enfrentam a ignorância dos adultos que não entendiam a importância daquela iniciativa.

É interessante ver no filme um pouco da história das instituições de ensino e da história da infância. A escola surgiu com o intuito de disciplinar os indivíduos que não sabem viver em sociedade e sua criação está intimamente relacionada à idéia de infância. Por incrível que pareça, esta nem sempre foi vista como um momento especial do desenvolvimento humano. Na verdade, o conceito de criança varia de acordo com o contexto histórico-cultural, já sofreu diversas transformações e, provavelmente, ainda irá passar por outras mais.

A escola oficial da aldeia de Valo funcionava com regras muito rígidas às quais os alunos deveriam obedecer sem contestar. Era muito raro uma professora como Maria, que ouvia o que a turma tinha a dizer. Pensamentos independentes não eram tolerados e, para piorar, fora da escola os meninos e meninas tinham as mesmas obrigações que os adultos e, se tivessem problemas com a lei, eram julgados em condições injustas, sem terem voz.

Com figurinos coloridos e cenários que retratam com detalhes as fábricas, as estações de trem, o comércio e demais construções da época, o longa coloca a criança contemporânea em contato com uma infância anterior que destaca os direitos conquistados para as crianças de hoje, principalmente o de estudar. É também um bonito relato sobre o estimulante encontro com o conhecimento e sobre a produção do mesmo.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A diferença foi tema predominante nos filmes de hoje da Mostra Geração



Hoje foi um dia bastante especial na programação da Mostra Geração. No Programa Internacional foi exibido o longa-metragem indiano SOMOS TODOS DIFERENTES e no Vídeo Fórum foram apresentados diversos curtas-metragens, incluindo produções brasileiras, argentina, canadense e norte-americana. A "diferença" foi o tema recorrente nos filmes de ambos os programas.





Na entrada da sessão de SOMOS TODOS DIFERENTES, uma professora que levou um grupo de crianças com necessidades especiais, comentou estar receosa pelo fato do filme ser legendado, o que poderia dificultar a compreensão do filme pelos seus alunos. Mas eis que a magia do cinema se fez presente mais uma vez, e no final da exibição, bastante emocionada, ela agradeceu e disse que todos as crianças que ela levou, entenderam e adoraram o filme.




Enquanto na Sala 1 do Espaço de Cinema a dislexia foi o assunto tratado no Programa Internacional, na sessão do Vídeo Fórum, crianças e jovens também mostraram através do cinema, o seu olhar sobre o preconceito. Um dos destaques foi o documentário O PRECONCEITO CONTRA OS ALUNOS DA REDE PÚBLICA, produzido pelos alunos da Escola Municipal Epitácio Pessoa. Através de um vídeo simples, jovens estudantes mostraram situações que acabam vivendo ou sendo vítimas, só por serem alunos de uma escola municipal ou estadual. Mas também apresentaram os seus próprios preconceitos.





Outro destaque foi EMO DAY, produção da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio - FIOCRUZ, que narrou uma história de discriminação contra os estudantes emos. E do Canadá veio o curta I AM MYSELF, realizado por meninas de 12 e 13 anos, que trata de homofobia.



O Vídeo Fórum também teve espaço na sessão de hoje para o experimentalismo. O ESPELHO, realizado pelos alunos do projeto Cinema na Escola, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, foi a produção que talvez tenha mais ousado na parte técnica e narrativa. O que mostra que o grupo não queria apenas contar uma historinha, mas experimentar todos os recursos possíveis para a realização de um curta-metragem e também a própria linguagem cinematográfica.

Amanhã tem mais
Mostra Geração. Às 8h, haverá na sala 2 do Espaço de Cinema, em Botafogo, a última sessão do Programa Vídeo Fórum, com a exibição de mais 10 produções realizadas por crianças e jovens. E no Programa Internacional, tem CADÊ MEU IRMÃO? e o curta nacional KATA, às 9h na sala 1, e às 14h30 tem VALO e o curta GOL A GOL, também na sala 1.

Fotos: Conrado Krivochein

Hoje na Mostra Geração tem Somos Todos Diferentes!

No ano passado, o longa-metragem indiano SOMOS TODOS DIFERENTES foi o que mais agradou o público da Mostra Geração. Na edição comemorativa dos 10 anos da Mostra Geração, o filme está de volta e promete ser uma das sessões mais concorridas. A primeira exibição é hoje, às 9h, na sala 1 do Espaço de Cinema, em Botafogo. Depois ele volta a ser exibido no mesmo horário e sala, no dia 8 de outubro. Imperdível!

Toda Criança é Especial
Por Bia A. Porto

Resenha crítica do longa Somos Todos Diferentes
Taare Zameen Par
Índia, 2007, 165min.
Direção: Aamir Khan

Se você quiser diversão garantida, assista Somos Todos Diferentes. Se preferir fazer um programa mais reflexivo, veja Somos Todos Diferentes. Se quiser se emocionar, rir ou chorar, ser criança, amadurecer...Somos Todos Diferentes. Comédia, melodrama, música. Reunindo os principais ingredientes de Bollywood (a Hollywood indiana), este longa metragem só não consegue nos fazer esquecer nossos problemas. Que bom!

Apesar da questão do filme ser bastante específica, todo mundo se identifica com ele. Toda criança tem suas dificuldades para aceitar as regras e instituições sociais. Todo adulto sofre um pouco com toda a responsabilidade e obrigações da vida contemporânea. Todo mundo já questionou a sociedade. Ishaan, 9 anos, é o pior aluno da classe. Os professores o reprovam, estão sempre expulsando o menino de sala porque ele não presta atenção nas aulas ou, simplesmente, porque ele não limpa seus sapatos. Frequentemente comparado ao irmão mais velho, um dos melhores estudantes da escola, ninguém entende o que há de errado com Ishaan. Rebelde, desajustado, preguiçoso?

Um professor - e que professor(!!!), o galã e diretor do filme Aamir Khan - pode fazer a diferença. Quantos “casos perdidos” contribuíram imensamente para a humanidade? Muitos. Einstein e Leonardo da Vinci, são dois bons exemplos. Diante de histórias assim, o filme critica a escola que exclui, estimulando uma competição frustrante como meta para a vida. E reivindica: somos todos diferentes e toda criança é especial (traduzindo o título em inglês). Por que só o saber que vem dos livros é considerado legítimo? Por que precisamos ficar o tempo todo medindo os rendimentos, a produtividade de seres humanos com critérios de mercado, para avaliar custo e benefício de máquinas? Todos sofrem com isso.

No melhor número musical, sequência que retrata a típica manhã de uma casa com crianças, o tema alterna de um ritmo agitado, expressando o estresse dos pais, ao andamento (sono)lento de uma melodia para o sonho tranquilo de Ishaan. Os adultos correm contra o tempo, já o menino... levanta da cama, mas não acorda. Como em outros momentos do filme, algumas animações se misturam com as imagens dos atores, revelando as idéias de Ishaan, ou, como se diz, mostrando o que se passa na sua “cabeça de vento”. Essa fluidez entre a realidade e a imaginação do menino é um recurso estilístico chamado discurso indireto livre. Diferente das animações em 3D, que estão muito na moda e que jogam objetos para fora da telona, os desenhos aqui funcionam no movimento contrário, atraindo o espectador para dentro do filme, para dividir os pensamentos com o protagonista.

O grande vencedor do júri popular infanto-juvenil da Mostra Geração 2008 conquista porque faz a gente se ver na tela.